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Banda larga tem velocidade abaixo da prometida na venda – software oficial testa os serviços oferecidos por seis empresas do setor.

bandalarga É preciso ter atenção ao contratar um plano de internet banda larga. Nem sempre a velocidade adquirida é a que chega à sua casa. O DIÁRIO testou, na semana passada, o serviço oferecido pelas seis empresas de banda larga do país (Speedy, Net Vírtua, Oi, TIM, Vivo e Claro). O resultado é que nenhuma delas oferece a velocidade informada pelo contrato.

Foram testadas a taxa de download, velocidade para assistir um vídeo de seis minutos no Youtube (www.youtube.com), abrir um site da internet e baixar uma música de 3,6 MB de seis consumidores paulistanos em um mesmo dia e com um mesmo notebook. Para chegar aos números, o DIÁRIO usou em primeira mão o software oficial para medir a velocidade oferecida pelas empresas no site do Sistema de Medição de Última Milha (www.ceptro.br/simet), portal onde é possível verificar o desempenho da conexão.

De acordo com a lei da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as empresas que vendem essa tecnologia devem oferecer, no mínimo, 10% da velocidade informada nas propagandas e no contrato. Dos serviços avaliados, todos estão dentro dessa média, porém, ainda deixam muito a desejar, já que o valor pago pelo usuário — média de R$ 100 por mês — não é compatível com o serviço oferecido.

Metodologia de pesquisa

No ranking da velocidade de download, a Oi 3G de 1MB ficou com o melhor resultado. A empresa oferece 93,1% da velocidade contratada. Apesar disso, ela foi a que mais demorou para baixar músicas (11 minutos) e para carregar um vídeo. Foram necessários 40 minutos para carregar um clipe musical — mais de seis vezes o tempo total do vídeo.

O teste da Net Vírtua mostra que dos 3MB contratados, o usuário recebe só 2,78MB, o que representa 92,6% da velocidade oferecida. Já o Speedy de 4MB teve um resultado de 3,56 MB, apenas 89% do valor divulgado.

A Vivo 3G ficou em o último lugar quando analisada a velocidade de download de um modem de 1MB. O resultado apontado na pesquisa foi de 0,115 MB — 11,5% da velocidade oferecida pela empresa. O resultado disso é a lentidão para baixar músicas e vídeos. A Claro de 1MB também apresentou resultados baixos, com um aproveitamento de 0,2MB, o que representa 20%. Por fim, a TIM de 1MB, ao ser testada, mostrou que a velocidade real é de 0,74MB — 74% da que foi informada.

A pesquisadora Lia Carrari, de 26 anos, possui um plano de 3MB da Net Vírtua. Antes de contratar os serviços ela analisou as demais empresas e pesquisou valores. “Já contratei dois outros serviços de banda larga. Descobri que todas têm problemas”, analisa ela.

O universitário Lincoln Grosso, de 19 anos, deixa filmes baixando enquanto dorme para não perder tempo. “Isso me desanima quando preciso pesquisar algo para a faculdade”, comenta ele, que tem um plano de 1MB da Oi. “Tenho dificuldade para assistir vídeos e carregar e-mails pesados de trabalho”, diz a publicitária Margarete Zanquetta, de 37, que é cliente da Tim.

A Vivo destaca que seus planos são moldados por pacotes mensais de consumo de tráfego e não por velocidade. Já a Claro, Oi e TIM dizem que fatores externos, como clima e distância, influenciam a qualidade da internet. O Speedy e a Net Vírtua, afirmam, em nota, fazer o melhor para que a internet tenha mais qualidade. A partir de junho, as empresas de internet móvel (3G) terão que informar a velocidade mínima do serviço vendido. A regra não se dá para a internet fixa.

Justiça pune com multa

As propagandas enganosas divulgadas pelas empresas de banda larga foram proibidas. A Justiça federal — a pedido do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) — concedeu em março uma liminar que visa punir as organizações que não oferecerem os serviços prometidos ao consumidor. A medida também vai impedir que as empresas cobrem a rescisão do contrato nessas circustâncias. A multa será de R$ 5 mil por dia.

Para Maira Alves, advogada do Idec, o erro é não dizer os fatores que prejudicam uma conexão, como localização, número de internautas, clima e condições topográficas: “A velocidade acaba não sendo a mesma”.

A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) afirma que há muitas reclamações sobre as empresas de banda larga em todo o Brasil, mas não possui números exatos sobre o tema. Para o orgão, dica para evitar problemas com a lentidão é pesquisar bem as empresas e analisar como é o sinal de cada uma delas na região que pretende usar o serviço.

Segundo Cássio Rosas, professor de pós-graduação em Segurança da Informação da Veris Faculdades, as organizações que oferecem o serviço de banda larga precisam informar aos internautas que a velocidade pode sofrer variações. “Realmente há casos em que a empresa não tem culpa, mas o cliente precisa saber disso antes do contrato”.

Caso a situação seja abusiva, o especialista afirma ser necessário entrar em contato imediatamente com a Anatel. “Só assim a situação será resolvida”, fala.

Procurada, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não respondeu até o fechamento desta edição.

PATRÍCIA BASÍLIO patricia.basilio@diariosp.com.br  Domingo, 11 de abril de 2010

http://www.diariosp.com.br/Noticias/Economia/3412/Banda+larga+tem+velocidade+abaixo+da+prometida+na+venda

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Site publicado em 04/05/2009
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