SÃO PAULO – Nenhum dos nove carros analisados pelo Proteste atingiu o grau máximo de segurança no Programa de Avaliação de Carros Novos na América Latina (Latin NCAP), lançado nesta segunda-feira pela entidade. Mesmo os carros mais bem avaliados, com airbag, apresentaram algum tipo de risco de lesões para motoristas e passageiros.
O Toyota Corolla recebeu a maior nota no teste, com quatro (de um máximo de cinco) estrelas na avaliação para ocupantes adutos. Mas na classificação para crianças só teve uma estrela. O chinês Geely, que ainda não é vendido no Brasil, foi o pior de todos: não ganhou nenhuma estrela.
Todos os nove modelos (produzidos e vendidos na América Latina) foram submetidos ao teste de colisão frontal a 64km/h contra um obstáculo que simulava outro automóvel. Também foram avaliados o Meriva GL Plus, Fiat Palio ELX 1.4 (modelos com e sem airbag), VW Gol Trend 1.6 (com e sem airbag) e o Peugeot 207 Compact 5p 1.4 (com e sem airbag).
Assista aos vídeos- É preciso mudar a mentalidade dos brasileiros quando escolhem o carro. Ele prefere um bom equipamento de som e de climatização a itens de segurança. É preciso mudar a cabeça dos brasileiros – afirmou o coordenador do Latin NCAP, Jean-Marie Mortier.
As montadoras que produzem carros aqui e tiveram seus modelos testados pelo Latin NCAP não comentaram os resultados da avaliação. Num posicionamento acertado dias atrás junto com a Anfavea, a associação que as representam no país, elas dizem cumprir “integralmente os requisitos legais” do mercado brasileiro.
Embora afirmem que “segurança é uma prioridade” na produção de seus carros, a questão é que a legislação brasileira ainda é bastante branda nesse quesito quando comparada à americana e europeia, que são ou servem de parâmetro.
A Resolução Contran 463, sobre o impacto em colisões frontais de veículos, por exemplo, é de 1973 e só recentemente foi adaptada às tecnologias existentes. Com relação ao airbag, por exemplo, a nova legislação do Contran estabelece a obrigatoriedade do equipamento em apenas 8% dos veículos de cada montadora que forem produzidos este ano no país. Esse percentual sobe para 15% em 2011, 30% em 2012, 60% em 2013 e somente em 2014 todos os carros produzidos aqui terão airbag.
A legislação estabelece escalonamento progressivo também para o uso dos freios ABS nos carros novos: 8% dos produzidos este ano, 15% ano que vem, 30% em 2012, 60% em 2013 e 100% em 2014.
“As montadoras estão se preparando para o atendimento destes novos requisitos, agindo no desenvolvimento de seus produtos”, disse a Toyota em comunicado.
Publicada em 18/10/2010 Adauri Antunes Barbosa e Ronaldo D’Ercole
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