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Podia ser um golpe … A história de Frank MacNamara e os cartões de crédito.

Você está em um restaurante com um grupo de amigos. Uma entrada de pães e patês? Ou vai direto ao prato principal? Uma cerveja? Se for pedir massa é melhor um vinhozinho. Come e bebe, bebe e come. É uma refeição como outra qualquer. Na hora de pagar a conta, uma surpresa: cadê a sua carteira?

Quando isso acontece, normalmente se tem três opções: correr, lavar pratos ou negociar com sabedoria. Foi exatamente isso o que aconteceu na década de 50, em um restaurante sofisticado de Nova Iorque. Quando Frank MacNamara percebeu que havia esquecido sua carteira, seu amigo influente, apanhou um dos seus cartões de visita e nas costas escreveu que se responsabilizava pela despesa do seu amigo e assinou embaixo.

Ao voltar para casa, o amigo logo depositou o dinheiro do restaurante. Frank gostou tanto da ideia de gastar e poder pagar depois que o cartão de visita evoluiu para o tão conhecido, hoje, cartão de crédito.

Naquele mesmo ano, MacNamara criou o Diners Club Card que era feito de papel-cartão. E foi batizado com esse nome exatamente pela situação na qual foi criado: durante um jantar entre um grupo de amigos. No início o cartão só era usado e aceito por pessoas importantes da época.

Porém, apenas dois anos depois, o número de adeptos e de estabelecimentos que aceitavam a nova forma de pagamento foram crescendo. No meio da década de 50, o dinheiro literalmente transformou-se em plástico.

A American Express entrou na disputa e, em 1958, criou o seu cartão. No início da segunda metade da década de 60, o BankAmerican Service Corporation criou o seu cartão BankAmericard – hoje VISA -  que era aceito em mais de 12 milhões de estabelecimentos. Desde sempre grudada na sua maior concorrente, no mesmo ano, foi criado o cartão Master Charge  - o pai da bandeira MasterCard.

No final da década de 60 o Diners Club já estava presente em mais de 50 países, do Japão ao Equador, da Nova Zelândia ao Suriname.

Em terras brazucas

Com o Diners Club crescendo nos EUA, o tcheco Hanus Tauber percebeu que quem trouxesse essa nova tecnologia nos meios de pagamento à terra tupiniquim faturaria bastante com isso. Em 1954, ele comprou uma franquia da Diners, e propôs sociedade ao  empresário Horácio Klabin. O Diners iniciou sua atuação no Brasil sendo um cartão de compra e não um cartão de crédito, pois era necessário pagar o valor total da fatura.

O ELO foi o primeiro cartão de crédito que surgiu atrelado a um banco, o Bradesco, em 1968.  Menos de duas décadas depois, em 1984, a Credicard comprou a Diners Club do Brasil.

Também foi nos anos 80 que a American Express lançou o cartão de débito como meio de pagamento, pelas mãos do Bradesco. A Credicard associa-se à MasterCard International  e  à Visa Internacional. Nos anos 90, o Bradesco também se associa à Visa Internacional e lança uma nova linha de cartões de crédito.

Com a chegada do Plano Real e a estabilização da econômica brasileira, surge a autorização do governo para o lançamento dos cartões de crédito internacional. A Credicard também sai na frente neste aspecto.

Em 1996, são criados a Visanet e a Redecard, responsáveis pelo relacionamento com os estabelecimentos comerciais até hoje. Só houve uma mudança: A Visanet agora é Cielo, mas o duopólio com a Redecard continua. Em 1997, a Credicard cria a primeira bandeira de crédito totalmente brasileira, a RedeShop.

Seis décadas apenas foi o tempo necessário para o que poderia ser o famoso golpe do ‘esqueci minha carteira’ evoluísse para o que é hoje, o mais prático e usado meio de pagamento. Estima-se que o setor de cartão de crédito sozinho movimente cerca de R$ 444 bilhões por ano.

by Juliana Gonçalves — last modified 08/03/2010 http://consumidormoderno.uol.com.br/blog/evolucionarios/podia-ser-um-golpe-../

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Site publicado em 04/05/2009
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