RIO – Maior fabricante mundial de celulares, a finlandesa Nokia está anunciando uma nova estratégia global na área de serviços. A partir de hoje, a navegação guiada por voz, através do uso de GPS em seus aparelhos, será gratuita em 74 países, incluindo o Brasil. Para esse tipo de navegação, a empresa oferecia, até ontem, pacotes que variavam entre R$ 19,99 (licença para 30 dias) e R$ 145,99 (por um ano) no mercado brasileiro.
Como de praxe, a empresa não divulgou quanto está investindo nessa nova política, nem quanto vai deixar de ganhar diretamente, ao abrir mão da cobrança pela navegação via voz. E o tradicional serviço de localização de rotas (sem voz), que está disponível em 180 países, continuará sendo gratuito.
Trata-se, no entanto, de uma jogada de longo prazo, apostando no chamado mercado de mobile navigation. Segundo analistas, esse nicho promete deslanchar, especialmente à medida que as redes sociais (com plataformas como o Twitter ou o Facebook) ganhem relevância também nos aparelhos celulares.
O que a Nokia quer é tornar-se referência nesse mercado de navegação, reforçando seu nome – e sua receita – não só entre desenvolvedores de serviços e produtos, como também no crescente mercado de publicidade móvel. Ontem mesmo, por sinal, a Google revelou que seus anunciantes poderão escolher em que tipo de aparelhos suas campanhas deverão ser veiculadas. Tudo a ver.
A Nokia apostou alto na popularização de sua marca no início da década passada, quando decidiu instalar câmeras fotográficas em todos os seus aparelhos de celular. Se, na época, elas poderiam parecer ineficazes ou desnecessárias, o fato é que a Nokia acabou se tornando a maior distribuidora mundial de câmeras. Sinal de que a estratégia deu certo – e hoje nem se cogita fabricar celulares sem câmeras.
Algo semelhante aconteceu quando os telefones móveis passaram a armazenar e reproduzir arquivos musicais, começando a tornar-se pequenas centrais multimídia de entretenimento. Resultado: tornou-se o padrão da indústria.
Novo serviço de mapas reforça estratégia Ovi
Agora, o que está no centro das atenções da Nokia é o fato de que o uso de GPS em celulares e smartphones é uma tendência ainda incipiente, mas de crescimento constante. De acordo com a consultoria Canalys, por exemplo, o número de pessoas usando GPS de navegação em seus celulares, em todo o mundo, foi de cerca de 27 milhões em 2009. Com o anúncio, a Nokia pretende, de imediato, aumentar sua base de usuários de GPS guiados por voz para quase 50 milhões de celulares – número estimado de seus aparelhos já habilitados a embarcar no novo serviço, disponível através da plataforma Ovi.com (que contém a lista dos modelos compatíveis).
A Canalys estima que a base de smartphones com GPS integrado, em 2009, era de 163 milhões de unidades em todo o mundo. E a Nokia detinha pelo menos metade desse mercado, com 83 milhões de aparelhos do tipo.
A Nokia não divulgou quantos aparelhos com GPS estão circulando no Brasil. Mas anunciou que vai lançar cinco modelos até abril. E prometeu, para o segundo semestre, aparelhos mais baratos (na faixa entre R$ 500 e R$ 600) também compatíveis com o novo serviço de mapas.
Se, apesar da recente crise no mercado mundial, a empresa parece tranquila na liderança do segmento de celulares, a estratégia anunciada representa novo reforço para a sua plataforma de serviços, a Ovi.
Apresentada em 2007, a Ovi é a grande aposta da Nokia para tornar-se referência em serviços de internet. No entanto, segundo analistas, as metas de crescimento da plataforma ainda estão longe de representar o ideal, principalmente pela forte concorrência com a Apple e seu smartphone, o iPhone.
O Globo on line
Publicada em 21/01/2010
Nelson Vasconcelos
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