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Apertem as fivelas, a bagagem pode ser arrombada

Número de furtos em malas cresce no Aeroporto Tom Jobim, mas passageiros evitam registrar queixa na polícia

 Funcionários terceirizados, contratados pelas companhias aéreas, trabalham com as malas no porão do Aeroporto Internacional Foto: Guito Moreto

Funcionários terceirizados, contratados pelas companhias aéreas, trabalham com as malas no porão do Aeroporto Internacional Guito Moreto

RIO – Atenção, senhores passageiros: apertem as fivelas das malas, pois aparelhos eletrônicos, brinquedos e até pares de tênis estão sumindo da bagagem. Na maioria das vezes, não adianta empacotá-las ou reforçá-las com cadeados. Essa prática, na verdade, tem servido até de chamariz para os ladrões, que agem do porão do avião até as esteiras eletrônicas dos aeroportos, segundo a polícia. Com as férias escolares, é comum encontrar passageiros sendo vítimas desse tipo de crime, principalmente aqueles que vêm de Miami e Nova York. A Infraero, empresa que administra os aeroportos brasileiros, anunciou a compra de 3.150 câmeras para intensificar a segurança nos 17 quilômetros quadrados do Aeroporto Internacional Tom Jobim, visando à Copa de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016.

 

 Embora se reflita no aumento do número de ações de indenização contra as companhias aéreas, o crescimento dos furtos de objetos das malas não aparece nas estatísticas da Polícia Civil — a chamada subnotificação. Os passageiros seguem a orientação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de reclamar diretamente nas empresas de aviação e acabam abrindo mão dos boletins de ocorrência.

Quarenta e seis furtos no primeiro semestre

A pedido do GLOBO, a Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio (Dairj) fez um levantamento que confirma o baixo número de casos registrados. De acordo com a delegacia, no primeiro trimestre do ano passado, houve 46 furtos desse tipo, contra 47 no mesmo período de 2010. Pelo Tom Jobim circularam 14,9 milhões de passageiros em 2011, 18% a mais que no ano anterior.

Um relatório da mesma delegacia, em fase de conclusão, constatou a existência de dezenas de pontos cegos (sem a cobertura de câmeras) no trajeto feito pelas malas, do avião até as esteiras. A Infraero, porém, diz que já corrigiu o problema.

Uma vítima recente desse tipo de crime foi o ator Guilherme Piva. Junto com oito passageiros, ele teve as malas arrombadas ao desembarcar do voo JJ 8079 da TAM, no último dia 5, vindo de Nova York. Os passageiros constataram o furto de relógios, iPads, PlayStations e outros aparelhos eletrônicos. Todos foram orientados pela companhia aérea e pela Anac a preencher um Relatório de Irregularidade de Bagagem no aeroporto e pesar as malas.

Empresas não divulgam dados de furtos e violações

Para surpresa de alguns, a TAM, como as demais companhias aéreas, só faz o ressarcimento dos bens se, depois da pesagem da mala, for constatada uma diferença de peso superior a um quilo em relação ao registrado no aeroporto de origem. As empresas não divulgam os dados de furtos e violações de bagagem.

— Isso é um absurdo. As quadrilhas já sabem dessa restrição de peso e acabam furtando objetos leves, totalizando menos de um quilo. Às vésperas de eventos internacionais, como a Copa e as Olimpíadas, isso comprova que o aeroporto não está preparado para eles — diz o ator.

Ao empacotar a bagagem e colocar cadeados resistentes nela, Piva imaginou que estivesse seguro contra os ladrões, mas se enganou. Foi uma longa espera na esteira e a surpresa: as duas malas estavam sem o plástico e com os cadeados arrombados:

— O mesmo aconteceu com outros oito passageiros. Num caso, foi furtado o PlayStation que um senhor levava para o filho. Imagine a frustração da criança. Saímos do aeroporto sem ter um papel para comprovar a nossa situação, em completo abandono.

Em alguns casos, o passageiro só percebe o problema quando chega em casa. Há sites, inclusive, que ensinam a violar uma mala com uma caneta.

A subnotificação dos furtos é percebida pela Anac. No ano passado, passageiros registraram na agência 4.936 problemas com bagagem (que incluem furto e extravio) em todo o país. Em 2010, foram 7.180.

O superintendente do Aeroporto do Galeão, Abibe Ferreira Júnior, diz que alguns casos ocorrem por culpa de funcionários terceirizados contratados pelas companhias aéreas:

— Nem todos os furtos em bagagem ocorrem no Galeão. Tenho registros de malas já remexidas nos aeroportos de origem. Não estou isentando o Galeão. Pode acontecer que um ou outro empregado, que é funcionário da terceirizada da empresa aérea, acabe mexendo na mala de alguém aqui.

Vera Araújo

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Site publicado em 04/05/2009
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