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EM PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO, PERIGO CHEGA DE BANDEJA.

EM PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO, PERIGO CHEGA DE BANDEJA.

 

 

Rio – Aquele passeio no shopping, com parada na praça de alimentação, pode terminar no hospital. A pedido de O DIA, o Laboratório Bioqualitas testou mesas, bandejas, pratos, talheres de restaurantes de 6 shoppings do Rio e constatou que, dos 35 pontos de coleta, 22 tinham bactérias. Cinco com níveis acima do recomendável. Em 3 meses de operações em shoppings, a Vigilância Sanitária Municipal já apreendeu mais de meia tonelada de alimentos impróprios para consumo e interditou 10 lojas.

Na pesquisa encomendada por O DIA, o pior resultado saiu da bandeja de um restaurante de massas no Norte Shopping, em Del Castilho: a quantidade de bactérias encontrada foi mais de 100 vezes maior do que o máximo tolerável. Entre elas, coliformes fecais. Uma mesa da praça de alimentação também tinha mais de mil unidades formadoras de colônia de bactérias mesófilas (cuja presença indica deterioração de alimentos ou que causam mal à saúde) por cm², quando o limite é 100.

O material foi coletado no Norte Shopping, Rio Sul (Botafogo), Nova América (Inhaúma), Barra Shopping, Via Parque (Barra), além do Shopping Tijuca, entre os dias 17 e 19 de novembro. Ao todo, foram 18 mesas, 12 bandejas, 2 garfos e 3 pratos.

No Shopping Tijuca, foram reprovadas a mesa em frente a uma pizzaria e a bandeja de uma loja de fast-food. No Rio Sul, bandeja de um restaurante de comida japonesa também não passou no teste.

Responsável técnica do Laboratório Bioqualitas, Mariana da Costa alerta que a presença de coliformes fecais pode transmitir doenças. O índice alcançado representa higiene crítica. Mas não significa, necessariamente, contato direto com fezes. “Pode ter sido alguém que não lavou a mão após sair do banheiro e pegou a bandeja. Se a pessoa está com gastroenterite pode transmitir o problema”, explica.

Segundo Mariana, a contaminação do cliente acontece ao encostar talheres na bandeja ou colocar a mão na mesa e levá-los à boca. A limpeza de mesas e bandejas deve ser feita com água, sabão e álcool e o pano precisa ser trocado diariamente. “Se o espaço não for limpo, a sujeira fica acumulada e a bactéria se torna mais resistente”, alerta.

Segundo Eitan Berezin, pediatra especializada em infectologia, ingestão de bactérias do grupo coliforme (que inclui coliformes fecais) pode causar diarreia e, se a pessoa tiver baixa imunidade e não receber tratamento, levar à morte. Já a bactéria Escherichia coli pode levar a doença nos rins e o estafilococos, problemas na pele. Pelo menos 3 vezes por semana, o estoquista Wescley Krauss, 32 anos, almoça em shoppings. Atento à limpeza dos restaurantes, ele conta que já pediu para um estabelecimento de fast-food trocar a bandeja, porque estava suja.

NorteShopping e Nova América informaram que orientam os restaurantes quanto à higiene. O Shopping Tijuca disse contar com empresa de segurança alimentar e que vai analisar o resultado da pesquisa. O Rio Sul esclarece que as medidas de limpeza ficam a cargo dos restaurantes e que fiscaliza os mesmos. Barra Shopping e Via Parque não se manifestaram.

Gato, baratas e esgoto em restaurantes

Em três meses de operação, a Vigilância Sanitária Municipal já vistoriou 11 shoppings. Além de alimentos impróprios, foram flagrados vazamento de esgoto em restaurante de lanches do Rio Sul e presença de baratas em estabelecimento na Tijuca. O relatório aponta ainda que havia um gato em um dos depósitos onde a comida ficava estocada, no mesmo bairro.

Segundo Zenaide Pereira, assessora técnica da Vigilância Sanitária Municipal, a interdição total só ocorre quando o local reúne tamanha quantidade de irregularidades que não podem ser resolvidas imediatamente. Nesse caso, a loja só é aberta após nova vistoria do órgão.

Os alimentos mais vulneráveis à contaminação são carnes, devido à presença da proteína. “Vamos intensificar as ações no verão, porque as contaminações são maiores e os shoppings, mais movimentados”, avisou.

Delegacia recebe dez queixas por dia

A Delegacia do Consumidor recebe cerca de dez reclamações por dia ligadas a más condições de restaurantes. De acordo com o delegado Carlos Augusto Nogueira, pelo menos um dono de estabelecimento é preso por semana. A pena vai de dois a cinco anos de detenção. “Qualquer pessoa que se sentir lesada pode ligar para a delegacia. O número de reclamações dobrou nos últimos meses”, contou.

A denúncia de presença de dois ratos na praça de alimentação do Shopping Tijuca chocou clientes e desencadeou, em setembro, uma operação da Delegacia do Consumidor (Decon). Cinco restaurantes dos 20 vistoriados foram parcialmente interditados por armazenamento de produtos com prazo de validade vencido ou sem indicação da data. O telefone da Decon é 2332-2916. Já denúncias na Vigilância podem ser feitas pelo número 2224-9762.

http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2010/12/em_praca_de_alimentacao_perigo_chega_de_bandeja_129121.html

 

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Site publicado em 04/05/2009
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