Oficial de Taubaté passa por momentos de pânico: “em 19 anos de profissão, nunca vi isso. Em 5 minutos de correria eu pensei nos filhos, na família”
Quando Julio César da Silva, 38 anos – 19 como Oficial de Justiça -, saiu do Fórum Cível de Taubaté, na última sexta-feira (7), para cumprir um mandado de busca e apreensão de veículo, imaginava seguir para mais uma ocorrência tranquila, que seria a última do expediente semanal. Mas o último trabalho da semana não foi nada tranquilo.
Júlio e outra Oficial de Justiça foram designados para recuperar um veículo Volkswagen Gol 2005, reclamado na Justiça pela empresa financeira, que alega nunca ter recebido pela compra. Julio falou ao VNews e contou com detalhes os momentos de pânico vividos na última sexta, quando foi atropelado e carregado por cerca de 2 quilômetros pelos bairros Campos Elíseos e Imaculada. RecepçãoAo chegar na rua das Orquídeas, em Taubaté, por volta de 18h30, Julio encontrou o carro na garagem, chamou pelo dono e foi prontamente atendido. “A busca e apreensão de automóveis é de fácil cumprimento. O proprietário me recebeu e disse que iria pegar o documento do carro. Disse para que eu esperasse”, conta. O rapaz que estava com o veículo tem 25 anos, é operador de máquinas, comprou o automóvel em outubro do ano passado e parecia calmo ao atender os oficiais. Ele saiu da residência e pediu para que a esposa abrisse o portão da garagem. “Nós seguimos regras de segurança, neste caso eu esperei que ele retirasse o carro da residência para que eu pudesse levar”. Mudança de comportamentoJá do lado de fora da garagem, os oficiais foram surpreendidos pelo motorista. “Ele manobrou o veículo, engatou a primeira marcha e começou a acelerar. A oficial que estava comigo conseguiu desviar. Eu pulei no capô do veículo e segurei forte na lateral do veículo”, conta Julio. Atingido na perna pelo carro, ainda em baixa velocidade, Julio começou a gritar para que o motorista parasse o veículo, o que não aconteceu. “Ele aumentou a velocidade, eu gritava ‘você vai me matar e vai acabar com sua vida’. O rapaz respondia com palavrões”, diz o oficial. A ação se estendeu por 2 quilômetros, até o bairro Alto de São Pedro, onde o motorista seguiu por uma subida, sem se preocupar com a situação do homem que tentava se manter sobre o veículo. Aos gritos de pedido de socorro, as pessoas que passavam pela rua acionaram a polícia. A outra Oficial de Justiça tentou seguir o carro, mas foi despistada pelo rapaz, que entrava e saía das ruas em alta velocidade. “Em certo ponto ele parou e puxou o freio de mão. Fui para o lado dele e entramos em luta, mas consegui desligar o veículo. Ele então fugiu para um matagal próximo ao bairro”, explica Julio. Foi neste momento que uma viatura de polícia chegou e iniciou a busca pelo motorista. Questionado se já passou por experiência igual anteriormente, Julio responde. “Em 19 anos de profissão, nunca vi isso. Em 5 minutos de correria eu pensei nos filhos, na família. Pensei em pular do carro, mas ele aumentava a velocidade e eu pensei que poderia acertar a cabeça na calçada e ser ainda pior. A ficha caiu só quando cheguei em casa e abracei os filhos”. Cumprimento do mandado e alívio
Apesar do grande contratempo, Julio César conseguiu cumprir o mandado. Apreendeu o veículo, que já está com a financeira. O oficial passa na tarde desta segunda-feira (10) por perícia do IML. “Não sofri ferimentos, mas estou com fortes dores na ponta dos dedos, que usei para me segurar e na costela”, diz. O motorista permanece foragido, ele deve responder por tentativa de homicídio. A esposa do rapaz foi ouvida na delegacia e liberada em seguia. Duas testemunhas foram até a delegacia e contaram o caso à polícia. Aumento de calotesSegundo Julio, o número de busca e apreensões de veículos aumentou muito em Taubaté no último mês. “É consequência do crédito fácil prometido entre outubro e novembro do ano passado. Cada Oficial de Justiça apreende 2 veículos por semana”, explica. 11/05/2010
Por Renato Ferezim
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