Rio – Todos os dias ao acordar, o aposentado Valdir Tavares, 69 anos, bate à porta de vizinhos com dois baldes vazios. Há 3 meses com as torneiras secas, ele conta com eles para conseguir água. A rotina do idoso, morador de Marechal Hermes, é comum a vários cariocas da Zona Norte. A partir de cartas enviadas por Valdir e Floraci Lourenço, 51, do Andaraí, O DIA foi à fonte do problema e encontrou famílias que economizam cada gota para enfrentar falhas no abastecimento.

Na R. Todos os Santos, em Pilares, o problema une a vizinhança. “A gente costuma combinar o dia em que cada um vai usar a bomba. Quando um liga, ninguém mais consegue usá-la”, explica a dona de casa Heloísa Duran, 54. Por lá, a solução é todo mundo se ajudar: quem consegue água divide com os vizinhos.

Há mais de um mês na seca, a lojista Nilza Miranda de Souza, 61, foi forçada a mudar de hábitos. “Fico acordada de madrugada para lavar roupa. É o único horário que cai água na caixa da minha vizinha, e ela me ajuda”, relata Nilza, moradora do Cachambi. Floraci recorre à família. “Para lavar roupa ou cozinhar tenho que ir para a casa da minha filha”, conta ela, que já ficou mais de 1 mês fora de casa por causa do problema.

POR DIOGO DIAS

http://odia.terra.com.br/portal/conexaoleitor/html/2010/11/torneira_seca_na_zona_norte_122611.html