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Colchões reprovados em teste de qualidade.

Colchões reprovados em teste de qualidade.

Levantamento realizado pela Proteste aponta que marcas apresentam densidade menor que a anunciada.
 Na tabela de resultados estão os pontos fracos e fortes de cada produto.
Na tabela de resultados estão os pontos fracos e fortes de cada produto Foto: .

 

Se a nova regulamentação do Inmetro para certificação de colchões já estivesse valendo, apenas dois dos dez modelos testados pela Proteste — Associação de Consumidores seriam considerados aceitáveis. E o que reprovou de cara três dos produtos testados foi o item mais básico, usado como critério de escolha dos consumidores: a densidade.

— Três foram avaliados como ruins e dois como fracos no quesito densidade, por apresentarem uma densidade real muito menor que a especificada, D33. No pior caso, chegava a 16 — afirma o engenheiro Eduardo Cação Junior, pesquisador da Proteste que acompanhou a pesquisa. — Além de ser uma informação enganosa, essa diferença leva à deformação do colchão, provoca desconforto e reduz a vida útil do produto.

— Isso mostra que há um problema de qualidade no setor, que tem 380 fabricantes no Brasil, inclusive os pequenos empreendedores. Apesar de ainda estar na fase de adequação, já há produtos certificados. O fato é que, independentemente de a regulamentação estar valendo, o fabricante tem que produzir com qualidade, segundo o Código de Defesa do Consumidor — ressalta Aline Oliveira, técnica da Divisão de Programas de Avaliação da Conformidade do Inmetro.

DENSIDADE FORJADA COM QUÍMICOS.

A análise avaliou colchões de densidade 33 (D33) das marcas Paropas, Gazin e Botafogo, que tiverem um resultado de densidade real de 16,18 e 17, respectivamente, e foram eliminadas do teste. Os modelos Sonobello e Orthocrin apresentaram densidade real de 28, os Probel e Mannes, de 24, e o Sonam (segunda marca do grupo Castor), de 22. O item da Ortobom apresentou erro dentro da margem permitida, 30, e apenas o teste do produto da American Flex apontou a densidade prometida, 33. Segundo a Proteste, a escolha das marcas para análise considerou o fato de, juntas, somarem 80% do mercado. Além disso, explica Cação, a densidade 33 é a mais usada.

Os colchões foram testados também quanto a sua resistência e deformação, com teste que mede o desgaste do produto, ou seja, a perda de espessura. Pela norma, é aceitável redução de até 4%, porém quatro modelos tiveram redução na casa dos 7%: Gazin, Paropas, Botafogo e Mannes.

— Sem dúvida esses colchões vão durar menos do que seria esperado para um item com qualidade — diz Cação.

A Proteste verificou ainda que há uma irregularidade na espessura e na forma com que são montadas as camadas que compõem o colchão:

— A colagem não reprova o colchão, mas o fato de haver emendas, retalhos colados para formar a camada, é um indicativo de má qualidade.

O Diamante, da Orthocrin, apresentou seis lâminas de espuma com menos de três centímetros de espessura, que terminam com um retalho na posição vertical. O Elegance, da Mannes, e o Botafogo também apresentaram colagem vertical na largura, e o Majestic, da Probel, tem espumas finas demais. Já o Ortobom tinha casca de espuma.

Outro artifício usado por fabricantes para forjar uma densidade superior à da espuma de fato é o uso de aditivos químicos. Segundo a Proteste, tais produtos não são tóxicos.

Empresas dizem que vão melhorar.

Na avaliação sobre as características relacionadas a conforto os melhores foram os modelos de Sonobello, Mannes e Gazin. No entanto, nenhum dos dez produtos testados alcançou a nota máxima nesse quesito.

Em nota, a Ortobom diz que, embora esteja dentro dos critérios de qualidade que regulam o setor, estará mais atenta e buscará melhorar seus níveis de qualidade, que já considera altos.

O setor de Desenvolvimento e Qualidade de Produto da Paropas informou que está revendo processos para identificar a inconformidade e resolver o problema. Enquanto isso, a empresa suspendeu a venda do modelo.

Helenice Silva Miguel, diretora da Castor, explica que a Sonam é uma segunda linha do grupo, uma marca popular, e não “um legítimo Castor”. O produto avaliado, diz, não é um colchão de densidade 33, mas com características do produto. Por esse motivo, explica, na etiqueta a informação é C33 e não D33. Segundo Helenice, quando a regulamentação do Inmetro passar a valer, a empresa avaliará se fará a adequação dos produtos da Sonam às regras ou parar de fabricá-los.

Em nota, Ronaldo Melo, diretor da Plumatex Colchões, responsável pela fabricação do colchão Copacabana D 33, da Botafogo, informou que “o produto ainda não está regulamentado compulsoriamente, portanto não há nenhuma legislação vigente que obrigue o fabricante a atender à norma” usada para a avaliação.

A Sonobello, apesar de ter sido contatada pelo Globo através do site da empresa, declara que não foi comunicada sobre a pesquisa realizada pela Proteste. Segundo a empresa, seus produtos passam por testes rigorosos em laboratórios, tais como suporte de carga, fadiga dinâmica, deformação permanente, entre outros. Em função disto a empresa contesta a pontuação aplicada pela Proteste, já que desconhece os critérios utilizados.

Consultadas, Gazin, Mannes, Probel, Orthocrin e American Flex não se manifestaram.

Maria Inês Dolci, coordenadora Institucional da Proteste, destaca que o fato de a certificação não estar valendo não exime fabricantes do dever de boa-fé:

— Isso demonstra a falta de responsabilidade em relação ao produto que está no mercado. Se ele diz que a densidade é 33, tem que ter. Isso caracteriza descumprimento de oferta e até propaganda enganosa, segundo o Código de Defesa do Consumidor. E pode trazer problemas de saúde.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/defesa-do-consumidor/colchoes-reprovados-em-teste-de-qualidade-6596046#ixzz2B9D3hodF
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Site publicado em 04/05/2009
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