Flávio Citro - Direito Eletrônico

TARIFAS DE TELEFONE MÓVEL TERÃO RANKING DA ANATEL.

Anatel firma compromisso com entidades de defesa do consumidor para divulgação dos valores dos serviços das operadoras.

PARA MARCO Antônio da Costa, do RioCon: “Serviço de telefonia passou a ser acessório”

ROSÂNGELA MERCADANTE admite: escolheu a operadora pelo preço do aparelho.

Você sabe quanto custa um minuto de ligação pela sua operadora? Qual é o valor por torpedo enviado? O quanto paga pelo acesso à internet? Provavelmente, a sua reposta é não. Segundo as entidades de defesa do consumidor, a maioria dos usuários de telefonia móvel não tem a menor ideia de quanto paga por cada serviço prestado e isso não reflete apenas desinteresse, garantem. Informar-se sobre o valor das tarifas das empresas, hoje, não é tarefa fácil. Mas vai passar a ser. O Fórum Estadual de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro ( RioCon) — que reúne Defensoria Pública, Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), Ministério Público (MP) e Procon — acaba de conseguir um compromisso da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de divulgação de um ranking de tarifas das operadoras.

- Atualmente, o consumidor costuma escolher a operadora pela promoção do aparelho. Não sabe o que paga de tarifa e acaba comprando um pacote de serviços que não utiliza. O serviço de telefonia passou a ser um acessório — diz o presidente do RioCon, o defensor Marco Antônio da Costa. — Queremos que a Anatel, a exemplo do que foi feito pelo Banco Central (BC) com os bancos, dê transparência às tarifas, permitindo ao consumidor comparar e fazer uma escolha consciente.

Para especialista, falta clareza desde a oferta do serviço

Rosângela Mercadante se encaixa no perfil traçado por Costa. Ela admite: escolheu a operadora pelo preço que esta oferecia no aparelho que era seu sonho de consumo:

— Escolhi realmente porque o aparelho era mais barato. Já questionei a TIM sobre a cobrança de uma tarifa de internet, de R$20,78, porque tinha certeza de que não estava usando o serviço. Mas não saberia dizer se o resto da fatura está certo ou quanto pago por cada serviço — afirma Rosângela.

A TIM informa que efetuou os ajustes necessários na fatura e orientou a consumidora a solicitar o cancelamento do serviço de acesso à internet pelo celular ou reconfigurar os atalhos de seu aparelho para que não haja acesso involuntário à rede.

Segundo Costa, a Anatel deve encerrar o levantamento das tarifas até o fim do mês, sendo esperado para julho um plano efetivo de divulgação dos dados. Marcella Oliboni, coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), da Defensoria Pública, lembra que a solicitação inicial do fórum pedia a padronização dos planos de telefonia móvel, o que foi descartado pela agência.

— Enviamos um ofício, em setembro do ano passado, à Anatel solicitando a padronização dos planos, mas a agência disse que isso não era viável. Segundo a Anatel, as operadoras registram seus planos, mas oferecem vantagens ao consumidor na comercialização. Embora ainda não seja o ideal, esse ranking, que será divulgado em banners nas lojas e no site da Anatel é um passo importante. Hoje, o consumidor escolhe no escuro.

Para José Fernandes, subsecretário-adjunto dos Direitos do Consumidor, responsável pelo Procon-Rio, a questão é a falta clareza:

— E o problema começa na hora da oferta. O consumidor não é bem informado ao contratar o serviço e na telefonia móvel há tantas opções que ele acaba ficando confuso. É necessário mais clareza, precisão e o uso de uma linguagem adequada para que o consumidor escolha melhor.

Para representante de empresas, todos ganham com transparência.

Para o diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Eduardo Levy, todos ganham com o aumento da transparência:

— Tudo que envolva um aumento de transparência é bom para o consumidor e positivo para a sociedade como um todo. A existência de um ranking é ótima para todo mundo, assim como a multiplicidade de serviços e planos oferecidos pelas operadoras — afirma Levy, que defende que a divulgação seja por planos e não por serviços específicos.

Tudo isso evitará queixas como a do consumidor Daniel Herszenhaut, que escreveu para esta coluna reclamando da cobrança de valores diferentes dos contratos de três serviços prestados pela operadora Claro: o Pacote de Internet 2000, o Claro Direto e o Tarifa Zero. Pelas contas do consumidor o valor cobrado a mais foi de R$310,18. A Claro, por sua vez, informou que a solicitação do leitor foi atendida e a situação regularizada.

Procurada, a Anatel não se pronunciou sobre o compromisso assumido com o RioCon. Mas no ofício encaminhado à entidade, em 11 de maio, a agência ressalta que já é previsto na regulamentação do Serviços Móvel Pessoal (SMP) a “discriminação individualizada de todos os valores cobrados do usuário”, assim como os planos oferecidos devem ser submetidos à homologação da Anatel. A agência diz que solicitará às operadoras os “planos de serviço de maior relevância nas bases de usuários das empresas, a fim de que seja feita a devida divulgação”.

Jornal: O GLOBO 16/06/2010 Luciana Casemiro

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Site publicado em 04/05/2009
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