A erupção do vulcão situado no glaciar islandês de Eyjafjallajökull aumentou de intensidade nas últimas horas
O manto de cinza libertado pela erupção vulcânica no glaciar islandês de Eyjafjallajökull atingiu este sábado o espaço aéreo português sobre a região de Santa Maria, nos Açores, confirmou à RTP o Instituto de Meteorologia. Em três dias, foram canceladas 840 ligações aéreas em território português. As autoridades da Islândia admitem que a cinza vulcânica continue a alastrar-se pela Europa por mais quatro ou cinco dias.Cinza vulcânica atinge o espaço aéreo português
0 twitterShare27Oitocentos e quarenta e nove voos em 72 horas. O número de aviões impedidos de descolar ou aterrar desde quinta-feira no território português é revelado pela ANA – Aeroportos de Portugal. Só este sábado foram canceladas 423 ligações aéreas no conjunto das infra-estruturas administradas quer pela ANA, quer pela ANAM – Aeroportos da Madeira. A maioria dos voos suprimidos tinha por destino a Europa Central e o Norte do Velho Continente. Boa parte dos voos destinava-se ao Reino Unido.
O Aeroporto da Portela, em Lisboa, continua a ser o mais penalizado, com 196 voos cancelados no terceiro dia de caos aeroportuário. Em Faro foram cancelados 132 voos, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, do Porto, foram riscadas 71 ligações e em Ponta Delgada ficaram sem efeito dois voos. Na Madeira, o número de voos cancelados este sábado ascende a 22, segundo os dados da ANA. A empresa está a aconselhar os passageiros com voos marcados para este fim-de-semana a entrarem em contacto com as transportadoras aéreas ou as agências de viagem antes de se dirigirem aos aeroportos.
Só a TAP cancelou, ao longo do dia, um total de 66 voos. A transportadora portuguesa garante que os 13 mil passageiros afectados poderão mudar as reservas para outras datas sem serem penalizados. Os voos eliminados tinham como destino ou origem Copenhaga, Estocolmo, Helsínquia, Oslo, Londres, Amesterdão, Bruxelas, Hamburgo, Varsóvia, Luxemburgo, Budapeste, Frankfurt e Paris. Ao início da noite, a TAP continuava a operar para os aeroportos espanhóis, à excepção de Bilbao, e para Roma.
Cinza no espaço aéreo português
O Instituto de Meteorologia confirmou entretanto que um extremo da nuvem de cinza vulcânica atingiu nas últimas horas uma zona reduzida a Norte do espaço aéreo português, na região de Santa Maria. Em comunicado publicado na Internet, o organismo revela os últimos dados recolhidos pelo Centro Consultivo de Cinzas Vulcânicas de Londres. Segundo a nota do Instituto, prevê-se que a nuvem “permaneça nas próximas 18 horas [até à manhã de domingo], alcançando em apenas um grau de Latitude a Região de Informação de Voo de Santa Maria (FIR Oceânica de Santa Maria)”.
“De manhã, tínhamos uma previsão, segundo o modelo do centro especializado, que é o Centro Consultivo de Cinzas Vulcânicas de Londres, que nos descansava até amanhã às 6h00 UTC, tempo universal [7h00 em Lisboa] e o modelo das 12h00 já nos dava como observado que uma pontinha da nuvem de cinzas está dentro da nossa zona aérea da responsabilidade de Santa Maria, a chamada FIR de Santa Maria, ou Flight Information Region. Essa nuvem mantém-se cerca de um grau de latitude e de profundidade abaixo do bordo superior de Santa Maria, que é no Paralelo 45, portanto está de facto naquela região dos 44 graus Norte, no Paralelo 44 e a manter-se”, explicou à RTPN Luís Serrano, do Instituto de Meteorologia.
“Isto é muito difícil de ver. Uma previsão foi alterada em seis horas. A atmosfera é complicada, depende do regime de ventos, depende da forma como a nuvem se está a dissipar e a espalhar. É muito complicado. Não é fácil”, sublinhou o meteorologista.
Aeroportos reabertos em Espanha
Por ora, os voos de Portugal com destino à América não deverão ser afectados. Em Espanha, a AENA decidiu entretanto reabrir sete aeroportos do Norte do país (Astúrias, Santander, Bilbau, San Sebastian, Vitoria, Pamplona e Logroño), que haviam sido encerrados por razões de segurança.
A Agência Europeia para a Segurança da Navegação Aérea – Eurocontrol estima que a nuvem de cinzas vulcânicas continue a produzir danos nas ligações aéreas “pelo menos nas próximas 24 horas”. Mas o Instituto de Meteorologia da Islândia admite que os ventos continuem a impelir o manto pela Europa nos próximos quatro ou cinco dias.
A erupção do vulcão islandês, que perdura desde Março, aumentou de intensidade nas últimas horas. O vulcão, que se localiza no coração do glaciar de Eyjafjallajökull, continua a libertar grandes quantidades de lava e cinza. A lava já derreteu perto de um terço da massa de gelo, agora convertida num rio que flui para as regiões meridionais. As explosões no interior da cratera são frequentes, o que atesta que o vulcão está na máxima força. As partículas vítreas transportadas pela nuvem de cinza podem ser fatais para os motores dos aviões.
Orientações para os passageiros Europeus com voos cancelados:
Esta é uma situação que está causando enormes dificuldades para os passageiros que viajam por toda a Europa. Pode ser considerado uma circunstância muito excepcional. No entanto, é importante lembrar aos passageiros e companhias aéreas que os direitos dos passageiros da UE se aplicam nesta situação:
• o direito de receber informações das companhias aéreas (por exemplo, sobre os seus direitos, sobre a situação à medida que evolui, cancelamentos e atrasos de comprimento)
• o direito à saúde (bebidas, refeições, hospedagem, conforme apropriado)
• o direito de escolher entre o reembolso de tarifas ou ser reencaminhado para o destino final
Em uma circunstância excepcional como esta, os passageiros não tem, porém, o direito a uma compensação ou indenização financeira adicional, como a que seria devida caso os atrasos ou cancelamentos fossem de responsabilidade da companhia aérea.
Orientações para os passageiros Brasileiros com voos cancelados:
Companhias aéreas e agências de viagem têm a responsabilidade de auxiliar passageiros que perderam voos nos dois últimos dias devido à nuvem de cinzas causada pelo vulcão Eyjafjallajokull na Islândia, dizem especialistas e autoridades.
Metade dos voos na Europa foi cancelada nos dois últimos dias, especialmente no Reino Unido e países do norte do continente, afetando viagens em todo o mundo, inclusive no Brasil, no maior caos aéreo internacional desde os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York.
Sem poder embarcar de volta para o Brasil, ou impedidos de viajar para a Europa, passageiros sofrem com a falta de informações. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a responsabilidade de orientação e auxílio cabe às companhias aéreas, tanto no Brasil quanto no exterior. Embora a agência responda apenas pelos aeroportos nacionais, as regras europeias são semelhantes às brasileiras.
No caso de voos com atraso superior a quatro horas, no Brasil, companhias nacionais ou estrangeiras devem fornecer refeições e até hotel para os passageiros, diz a especialista Maria Inês Dolci, da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).
– No Brasil, se a companhia deixa de informar o passageiro depois de quatro horas de espera, ele precisa reclamar na Anac. Após essa demora, ele pode pedir para ser transferido para outro voo, requerer alimentação, hospedagem, remarcar o bilhete sem custo adicional
Essa regra vale para aqueles que estejam em trânsito, retidos em aeroportos durante conexões ou escalas. Para os demais, vale o bom senso, diz Maria Inês:
- O que a companhia pode dispor nesses casos é o ressarcimento com táxi, mas isso é raro.
….
– A agência é o elo do consumidor com as empresas, ela tem que ajudar o consumidor nesse momento. [...] Têm de ajudar a remarcar, a conseguir transferência de reservas para transporte terrestre e hotéis. Elas são responsáveis, é um serviço de pós-venda.
Segundo ela, o mais importante em todos os casos é manter o passageiro bem informado.
- A primeira coisa é o direito a informação, dar uma previsão, avisar o passageiro. A companhia tem de ter a responsabilidade de tentar comunicar com antecedência. É pra isso que quando se faz o cadastro na compra o passageiro deixa o telefone, não é só para acidentes. Nesses casos, a pessoa pode decidir até não sair do hotel, porque retornar depois fica difícil, às vezes não há mais vaga.
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