Flávio Citro - Direito Eletrônico

Clientes insatisfeitos usam a internet para garantir direitos.

redessociaisInsatisfeitos com os serviços de atendimento ao consumidor, internautas estão recorrendo às redes sociais online para resolver seus problemas. A demora das empresas em trocar produtos e ressarcir por erros de fabricação são queixas recorrentes postadas na web. Mais do que fonte de pesquisa, a internet virou arma para defesa da legislação do consumo.

Nas páginas do facebook, orkut, twitter, bem como em blogs e sites alimentados pela própria população, é possível dar andamento a reclamações e fazer campanha contra empresas. Respostas imediatas de lojas e marcas preocupadas com a imagem provam que a prática tem surtido efeito. Algumas estão acionando clientes na Justiça para retirar as queixas do ar.

Foi o que ocorreu com o médico José Carlos Cordeiro Freire, 57 anos, morador de Pesqueira, Agreste do Estado. No fim do ano passado, ele comprou uma caixa de DVDs de uma série americana no site da empresa Barnes & Noble. Pelo produto pagou R$ 210 e teve que desembolsar a mesma quantia para cobrir os impostos da importação. O valor foi recebido pela UPS Brasil, responsável pelo transporte da encomenda de São Paulo até Pernambuco. “Ao abrir a caixa, tomei um susto. Em vez dos DVDs, havia um livro que custava apenas R$ 40”, conta. Revoltado, ele comunicou o erro e exigiu o estorno do débito no cartão de crédito.

A partir daí, foram várias ligações para a transportadora. Todas sem resposta. “Somente após expor o assunto num blog que criei, mostrando a situação e citando os nomes dos funcionários que atendiam, eles me ressarciram a quantia paga pelos impostos. Foi uma luta”, lembra José Carlos, que três meses depois se surpreendeu ao receber carta de um escritório de advogados. Os profissionais ameaçavam processá-lo, se não desativasse as páginas que criou na internet.

“Me deram 48 horas, inclusive para cancelar as comunidades do orkut que fiz em português, francês e inglês. Fiquei pasmo, pois quem me agrediu foram eles, com a demora em desfazer o erro e em pagar um grupo de advogados para tentar esconder a verdade”, indigna-se. O médico denunciou o caso aos órgãos de defesa do consumidor e também pensa em mover ação judicial contra a intimação.

É no twitter, rede social de microblogs onde os usuários podem enviar e receber mensagens de outras pessoas, que as reclamações contra empresas se multiplicam. Basta estar conectado ao site para expor problemas e encontrar quem se queixe das mesmas dificuldades. Um dos exemplos é o twitter da escritora Margareth Sales. Por meio da rede, relatou o mau atendimento de uma empresa de telefonia e contou que pediu ao vizinho para consertar a linha do telefone. “Alguma sugestão de operadora melhor, melhor banda larga, se alguém tiver, eu migro!”, postou.

O site Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br) também registra queixa de quem se sentiu lesado e quer tornar público abusos e desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor. Mediante cadastro, a denúncia é publicada gratuitamente. A equipe que mantém o site fica encarregada de entrar em contato com os reclamados. O internauta pode deixar telefone para contato e é avisado quando uma resposta é obtida. O Reclame Aqui faz ranking com números de queixas de cada empresa, tempo ou ausência de resposta. Mais de três milhões de clientes recorreram à página em quase dez anos de existência. Ainda há um histórico de reclamações que pode ser consultado pelo comprador antes de fechar negócio.

De acordo com o diretor jurídico do Procon-PE, Roberto Campos, consumidores podem usar as redes sociais desde que a denúncia não seja caluniosa. “Não vejo problema em usar a internet como forma de requerer seus direitos e externar sua indignação. Até porque ninguém quer acabar com a compra em determinada loja. A intenção é buscar respostas. A prática serve de alerta para outros consumidores e cabe à empresa fazer a retratação e responder ao cliente”, afirma.

Ele acrescenta que redes sociais também podem ser usadas por vendedores para avaliar a percepção dos consumidores em relação a marcas e produtos. “É um canal mundial de comunicação que deve servir às duas partes.” Campos orienta aos reclamantes a não deixar de procurar as entidades de proteção e a Justiça caso não obtenham solução de forma administrativa.

Publicado em 13.04.2010, Do Jornal do Commercio

http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/tecnologia/noticia/2010/04/13/cliente-usa-a-internet-para-garantir-direitos-219102.php

 

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Comentado por jorge em 31/8/10

comprei uma camara fotografica t-100 olympus, com menos de um mes deu defeito, liguei para comprafacil e mandou eu procurar o fabricante, nao comentaram isso na venda. Liguei para olympus e falaram que iriam conserta. achei um asurdo, porque comprei um produto novo, que utlizei apenas duas vezes. sem mai fico no aguardo?????????????????

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