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Portugueses não compram nem vendem fora do país

Consumidores em Portugal destacam-se por se cingir ao mercado nacional e pelas reclamações.

As fronteiras de Portugal, as mais antigas da Europa, são uma fortaleza em termos de comércio. Em nenhum outro país da União Europeia (UE) os hábitos comerciais de compra e venda são tão centrados no espaço nacional, no que é um exemplo flagrante de falhanço do mercado interno. E isso é algo que preocupa a Comissão Europeia que hoje apresenta a tabela de classificação de padrões de consumo.

John Dalli, o comissário da política do consumo disse ao Diário Económico que a UE pode fazer mais para abrir certos mercados ao consumidor, em particular no comércio electrónico. Mas Portugal – nota o comissário – tem uma grande cultura de protecção do consumidor, onde o maior número de consumidores se diz satisfeito com a forma como as suas queixas foram tratadas. Efectivamente, o número de queixas em Portugal é grande e disparou de 7 por mil habitantes em 2006, para 18 em 2009. Apenas a Alemanha (42) e o Reino Unido (60) têm mais. E no entanto apenas 9% dos consumidores reportam ter tido problemas em 2009, o dobro de 2008 e 2007, mas ainda assim menos 2% que a média.

O comércio transfronteiriço, é algo comum para consumidores no Luxemburgo, Irlanda, Dinamarca ou Áustria. Já nos novos estados membros, Portugal, Grécia ou Itália, os níveis são muito baixos. Em Portugal apenas cerca de 15% dos consumidores/vendedores (retalho) reportam ter operado fora do território, o que representa metade da média europeia. Este fenómeno denuncia não apenas a desconfiança face ao comércio electrónico, como também poucas saídas ao estrangeiro. Muitos retalhistas nacionais não oferecem os seus produtos à distância e apenas 13% dos portugueses consomem através da internet contra uma média de 37% na UE. E só 30% dos comerciantes de retalho compram no estrangeiro, contra 51% na UE.

Curiosamente, o estudo também demonstra que os portugueses que usaram a internet para comprar fora são os mais satisfeitos da UE. São mais de 82% que reportam ter encontrado na internet preços mais baratos que os melhores preços vistos a nível doméstico. E 70% dos que usaram a net encontraram preços pelo menos 10% mais baratos.

Há claramente um problema como o comércio electrónico, que acumula 54% das queixas feitas junto dos organismos de defesa do consumidor, como a DECO em Portugal. Igual percentagem de consumidores em Portugal considera-se bem protegida. Quase 60% dos consumidores queixosos dizem confiar nas autoridades mas apenas 48% confiam nos vendedores, o que está bem abaixo da média europeia (54%). No retalho, 80% dos vendedores notam que as autoridades nunca inspeccionaram a segurança e os produtos em venda, bem mais do que 68% de média europeia. Afinal, a ASAE parece ser mais intrusiva no resto da Europa.

Luís Rego em Bruxelas   29/03/10 09:05

http://economico.sapo.pt/noticias/portugueses-nao-compram-nem-vendem-fora-do-pais_85444.html

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Site publicado em 04/05/2009
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